Necessita-se de uma bicicleta.

Por que é bem mais fácil ir de bicicleta do que lidar com a folga dos seres ditos humanos que frequentam transportes públicos.

Pois bem, e depois me perguntam por que é que sou tão sem paciência. O problema não sou apenas eu – claro que não vou excluir minha partícula (NOT) de culpa, já que realmente devo ter pego alguma doença que me  faz olhar de lado para qualquer pessoa que pareça ter um QI menor do que 95 (considerado normal) – mas as pessoas, que simplesmente não têm a menor noção. Sim, nenhum homem é uma ilha e coisa e tal, mas algumas vezes eu não me importaria de ficar ilhada, isolada, embolhada ou qualquer coisa que me faça evitar o super contato não desejado que algumas situações simplesmente  – e infelizmente – impõem.

Claro que todos aqui já sabem do meu ódio ao tal do transporte público denominado ônibus. E se não sabem, agora estão devidamentes apresentados (ódio ao busão, everybody; everybody, ódio ao busão). Claro que o meu desgosto em relação à tal transporte from the hell ia pouco além das razões comuns (entenda-se: pouco ou nenhum lugar para pôr os pés/mãos, que dirá o traseiro; pessoas suando bicas perto de você, com os braços levantados e o desodorante vencido – se é que havia algum desodorante para vencer; vendedores enfiando coisas na sua cara enquanto você tenta ignorá-los; pessoas pedindo dinheiro a cada parada quando você não tem nem duas moedas para bater uma no outra – e se tivesse certamente não ia dar para essas pessoas; homens aproveitando cada possibilidade para ralar em você ; mulheres aproveitando cada possibilidade para ralar em você ; insira uma coisa desagradável aqui etc). Geralmente eu até consigo chegar feliz no meu destino se eu for sentada do lado da janela e ouvindo, sei lá, Paramore. Eu não me importo com a quantidade incrível de ser humanos à minha volta, desde que eles não me importunem. É simples: cada um na sua cadeira – ou qualquer que seja o espaço, sem contato físico de nenhuma espécie – pelo menos quando se está sentado, sem conversações sem sentido que me impedem de ouvir minha musiquinha feliz e me obrigam a ter que conversar com o ser esquisito e desconhecido que me toma por alguém que conversa durante uma viagem de 45 minutos em um ônibus lotado, etc. São regras simples e implícitas que realmente podem ser seguidas por qualquer pessoa normal, com senso.

É certo que, vista a minha sorte, eu tinha que topar com um ser obtuso. Eu fico feliz por só topar com um ser desses de milênio em milênio, por que do contrário, provavelmente já teria morrido do coração. Sabe como é, eu nunca fui a favor de fazer barraco, mas essa negócio de engolir sapo é realmente ruim para a saúde. Enfim. Lá estou eu, não feliz, mas até que satisfeita, sentada no meu banco do lado da janela, ouvindo Paramore (what a shame we all became…) e me desligando calmamente da situação na qual me encontrava quando um ser corpulento senta do meu lado. Nada contra seres corpulentos. Eu mesma tomo um espaço considerável da cadeira com meus 62kg. Mas pelo menos eu tenho noção de que não sou exatamente a Giselle e pego minhas coisas e ponho no meu colo. O ser corpulento se achava tanto a Giselle – afinal tinha uma bagagem digna de modelo (leia-se bolsa grande  estufada) – que achou que estava sobrando espaço na cadeira quando ela sentou. Então ela colocou a bolsa dela entre mim e ela. Claro que depois disso eu estava ocupando 35% do banco, quando eu tinha direito a pelo menos 50%! Tudo bem, eu até sobreviveria assim. Mas aí eu descobri que a panda tinah trazido sua cria. E a sua cria agia de forma totalmente contra as regras impostas pelas mammas desde que o mundo é mundo. Coisa simples, do gênero NÃO SE SENTA DE PERNAS ABERTAS. Pelo menos não em público.

Eu estaria cagando para a situação pernal da pentelha se ela não estivesse sentada no colo da mãe dela e tomando eu diria mais uns 10% do espaço que eu tinha com as pernas abertas quase em 180°. Mas não era o caso e eu dava olhadelas irritadas para a mãe da pirralha, na esperança que ela se tocasse e mandasse a filha dela parar de mostrar os fundilhos e dar um pouco mais de espaço para a pobre coitada que tentava fazer o sangue continuar circulando no corpo. Mas até aparece. A situação só piorou, depois que a menina começou a dormir e, CLARO,  ela obviamente não podia cair pro lado da mãe. Ela tinha que dormir no meu ombro. Seria fofo se não fosse ridículo. Sorte que ela não babou, embora tenha sido apenas o que faltou. O cotovelo dela estava posicionado num ângulo muito próximo do meu peito, o que provavelmente causaria uma trombada – dolorosa – quando a pobrezinha se mexesse para encontrar uma posição melhor para dormir. Achei que levar uma cotovelada no peito era mas do que eu podia aguentar, ocupado os ditos 25% do banco. Empurrei ainda delicadamente o cotovelo da menina para outro ângulo  e tentei me ajeitar no banco. Claro que não só não consegui me ajeitar no banco como a mãe folgada da folgada ainda desferiu-me um olhar repreendedor por tentar.

Desisti e fiquei sendo esmagada durante os prováveis séculos que levaram para eu chegar na minha parada. Eu não sentia minha bunda e menos ainda  as pontas dos meus dedos. Ah, mas talvez isso tenha sido por causa  do violão. Nota mental: comprar uma bicicleta.

4 thoughts on “Necessita-se de uma bicicleta.

  1. Mandy, é por essas e outras que eu não gosto de andar de ônibus.
    Felizmente há um bom tempo eu não preciso mais passar por esse tipo de situação, mas como o nível de educação das pessoas tem aumentado com o passar dos anos – ou eu que estou menos tolerante para a falta de educação das pessoas com o passar do tempo – é realmente irritante passar por isso.
    No seu lugar, ou eu teria dito algo a mulher folgada ou então teria levantado. Porque ficar me expremendo só me deixaria com mais raiva ainda.
    Bjitos!

  2. Ok, vamos fazer uma vaquinha para comprar uma bike para você, porque desse jeito NÃO DÁ. Meu Deus, que situação! Eu teria mandado essa “grande mulher” e a cria dela pra p* que a pariu a muito teeempo bixo!
    Nossa! Tu precisa de uma bike urgente!!!

    Beeijos!

  3. Ai amiga, eu ri. Na verdade me enxerguei direitinho na situação, e como também ficaria mal-humorada. Mas sabe, apóio totalmente essa idea da bicicleta. Ninguém merece pegar busão cheio. Ainda bem que lá em Mariana posso fazer tudo a pé.
    Um beijo

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