Sobre o meu curso de jornalismo

Acho que todo mundo que me visita sabe que eu faço faculdade na UFPE. E também sabe que se há uma coisa que me desanima, é sair de casa para ir à faculdade. Agora mesmo estava postando no Twitter a felicidade de ter uma aula cancelada por causa da chuva, assim não seria obrigada a dar as caras lá no CAC. Não que eu fosse, anyway. Já acordei com a ideia fixa de NÃO PISAR NA UFPE, don’t matter what. Iria adiantar o meu feriadão e pronto, bjs para quem quiser ir pra lá.

Antes que vocês pensem que eu sou uma vagabunda que não gosta de ir para a aula, deixem que eu faça as coisas mais claras: that’s not me. A aluna vagabunda, eu digo. Nunca fui. Vocês podem perguntar a qualquer um e essa pessoa dirá que eu sempre fui a aluna que chega cedo, faz os trabalhos, estuda para provas, presta atenção na aula e NUNCA, NUNCA mata aula ou falta sem real necessidade. Essa SEMPRE fui eu. Mesmo nas aulas MAIS chatas, eu estava lá, firme e forte. Por que, não sei. Eu sabia que aprender Dinâmica ou Química Orgânica era essencial para passar no bendito vestibular que a faculdade dos meus sonhos me impunha.  Sabia que aquela chatice era passageira e era só uma fase que ia me levar aos estudos do que eu REALMENTE gosto:  Jornalismo. Né? Pois é… Não.

A verdade é que o curso de jornalismo da UFPE é um bagunça altamente boring. Entrei na faculdade e SEQUER UM Diretório Acadêmico o meu curso tinha – agora tem por que o grupo de calouros que entrou depois da nossa turma empolgou pra fazer MAS NÉ? A coordenadora do nosso curso, bem, quase ninguém conhece e eu mesma vi uma ou duas vezes – e ela é altamente mal-humorada. Cadeiras práticas são, tipassim, RARAS. Sério. Acho que estamos começando a pegar alguma coisa mais prática agora no QUINTO PERÍODO! QUINTO! Antes disso eu tive que aguentar dois anos de blá-blá-blá-teoria da conspiração -blá-blá-blá – esquerdismo -blá-blá-blá – jornalista não presta. Sabe semana de jornalismo? Nunca tivemos uma. Pelo menos não desde que eu entrei na UFPE. O curso é abandonado às moscas e a gente tem que lidar com professores chatos que indicam livros mais chatos ainda como leituras complementares e trabalhos que – CERTEZA – não adicionam nada a uma prática jornalística que DEVERIA estar sendo treinada.

Vocês sabem por que não ligam mais para o diploma do jornalismo? Por que, FOR REAL, ninguém precisa mesmo. SÉRIO, o que eu aprendi como jornalista da Federal?  PATAVINAS! Aprendi o pouco que sei hoje na tora, sem ninguém pra dar uma mão e ajudar. Para vocês verem como o drama é profundo: há algum tempinho atrás me chamaram para fazer uma entrevista numa assessoria. Como tava de férias, tinha tempo livre e não perdia nada fazendo isso, fui lá ver o que poderia ser. Me pediram para escrever uma nota e uma matéria para um caderno à minha escolha. O drama: EU SEQUER SABIA O QUE ERA UMA NOTA. Gente, uma nota! UMA NOTA! Fiquei com cara de bunda esperando que tivesse alguém mais burro/desinformado do que eu que tivesse a cara de perguntar o que era uma nota. Por sorte, tinha uns alunos da Maurício de Nassau lá – desculpa, não dá pra ter respeito – e eles perguntaram o que era e enfim, terminei fazendo – deve ter ficado uma bosta, mas enfim.

O departamento de comunicação é um antro de pessoas que pensam dentro de uma caixa – com algumas exceções felizes, claro – e quase todas as pesquisas são ligadas à linguística e o social. Mas, olha, e se alguém quiser algo diferente? Tipo, estudar jornalismo de moda? Qual a abertura que alguém tem? Com quem eu falo? E por que, para ser feliz nessa bagunça eu tenho que ser cult e marxista, caramba?!

O drama é tanto que, durante uns meses, fiquei em dúvida se eu realmente queria isso pra minha vida, sabe? Jornalismo. Imaginem, mesmo. Eu, que não sei fazer nada na vida a não ser escrever – razoavelmente – em dúvida com o Jornalismo! O próximo passo era me jogar de uma das 1001 pontes do Recife, por que né? Mas essa fase já passou. Eu cheguei à conclusão que o problema não era eu – no caso d’eu ser uma má aluna – ou a minha escolha do que eu quero fazer pro resto da vida. A porcaria que está ferrando minha vida é esse curso abandonado, mal organizado e tedioso que acha que é muita coisa, ainda!

Sabe, retiro o que eu disse sobre a galera da Maurício de Nassau. Afinal, estamos na mesma merda. A diferença é só que a minha faculdade tem nome.

 

15 thoughts on “Sobre o meu curso de jornalismo

  1. Sabe o que eu acho engraçado? Que diploma de Jornalismo não é mais necessário, mas sem ele você não consegue emprego nessa área. Brasil tá podendo, né? Tem profissional qualificado pra escolher às bandejas, né? Vou te contar.

    O problema, de fato, não é você! No começo do texto pensei: bom, todo mundo tem dias cu, pode ser uma fase de querer nada com nada. Infelizmente seu problema é a universidade. Que merda. O que fazer? Não sei, sinceramente. Nunca nem pisei em uma faculdade. Um conselho meu seria tão útil quanto, sei lá… Só posso dizer que, também, a única coisa que sei fazer nessa vida é escrever. Só que acabei escolhendo o curso de Letras (tá que ainda não o fiz, mas enfim), onde posso ser redatora, professora, tradutora, jornalista! e um zilhão de outras coisas e opções e horizontes e zaz. Falta-me a porra da universidade.

    Aliás, a USP aqui em SP anda meio às traças também. Acho que toda a rede de educação no Brasil estão uma bosta, essa é a verdade. Se eu fosse você, hummmmm, acho que tentaria trocar de universidade, é o quanto posso te ajudar =/

  2. Descobri o blog e fiquei toda animada. Pensei: Eba!Finalmente acho alguém nessa blogosfera que faz jornalismo e vai poder me ajudar com as minhas dúvidas, iupi! E aí vou desanimando desanimando… Até chegar e ler o primeiro comentário falando da USP de SP (onde eu moro) e fico depressiva de vez. O que eu vou fazer?Se eu tenho algum talento é escrever… O que eu faço?

    Entrei em desespero, pronto.

  3. Estava discutindo quase isso hoje. A diferença de muitas faculdades federais do Brasil com as particulares “sem-nome!”, é que nas sem nome, você pode reclamar por estar pagando.
    Nosso governo é uma merda, por que as pessoas ainda acham que faculdade federal vai ser o melhor que elas podem ter? Na maioria das vezes estão jogadas as traças, com docentes acostumados ao emprego público de onde não vão ser mandado embora, e pouco se fudendo pra você, estudante.

    Na parte de comunicação aqui no Rio, UFRJ e UFF ainda se salvam, mas UERJ nem com reza braba. Não me arrependo de ter ganhado bolsa em uma particular, não estou perdendo absolutamente nada.

  4. Ei Amandinha.
    Isso é tenso mesmo, eu, felizmente, tenho pouco do que reclamar da minha faculdade, mas a situação da UFPR não é muito diferente não. Todo mundo reclama que falta tudo, que tinham que ter aula de fotojornalismo sem câmera (!)…
    Infelizmente esse anda sendo o respeito das federais do país com os alunos..
    =/

  5. Como sou a gêmula torta, corri para o caminho oposto ao do Jornalismo, apesar de achar a área de comunicação em geral bem interessante.
    Na faculdade em que estudo, felizmente não tenho esse problema. A estrutura do meu curso é muito boa e o currículo atende bem o que o mercado de trabalho pede. Infelizmente isso só acontece com o meu curso por lá. Apesar de fazer parte de uma minoria que é favorecida, não considero isso justo.
    De que adianta ter uma boa formação, um bom emprego na área em que atuo, e um dia precisar do serviço de um profissional de outra área que não teve uma boa formação, não é? Ninguém vive isolado. Sei que é impossível tudo ser excelente, mas hoje em dia as coisas estão muito abaixo do que seria considerado até razoável. A situação é tensa.
    O ensino superior público, apesar de parecer o menos pior nessa piada cruel que é o ensino público em geral, ainda tem muitos problemas. O ensino privado também tem. A educação brasileira está deprimente, e não é de hoje. E, como falei ali em cima, todos nós pagamos por isso, de uma forma ou de outra.
    Enquanto isso vamos tentando fazer alguma diferença. Porque se as coisas continuarem assim, =/.
    Beijos

  6. Darling, esse texto poderia ser meu. 3º ano de jornalismo na intitulada “melhor faculdade de jornalismo do Brasil” (ao menos, ganhou o título ano passado). E o que eu aprendo? aprendo que seria melhor eu ficar dormindo, e não acordar às 5 da manhã, pra poder estar mais desperta no meu estágio – que é onde eu aprendo de verdade. Aprendo que tem mais gente picareta no mundo do que qualquer outra coisa. Aprendo que os professores subestimam os alunos, porque os alunos não estão nem aí pros professores. Aprendo que não dá pra aprender nada, ali.

    É um desespero. Além do cansaço físico, da rotina de acordar cedo/ir pro trabalho/ voltar às 22h, é um cansaço psicológico de perceber que você está jogando fora um tempo precioso – e um dinheiro VIOLENTO, já que a faculdade em que eu estudo é MUITO bem paga.

    A única coisa que me faz terminar essa joça (além do fato de já ter largado uma outra faculdade e estar velha!) é que eu-quer-ser-jornalista. E por mais que o diploma em si seja irrelevante, as grandes empresas exigem, ainda. Não tem jeito. Penso no meu TCC, que vai ser bem bacana de fazer, e em aproveitar os momentos bons: a convivência com os amigos, as risadas, as horas falando mal de tudo isso que falamos aqui.

    É o jeito! Não desanime!

  7. Pelo visto, essa é a realidade de todas as Federais em relação ao curso de Jornalismo. Eu sou recém-formada e tal, mas no departamento da UFS faltava também muita coisa, sabe? Não tinha um laboratório equipado para as aulas de telejornalismo, as disciplinas de online eram bem superficiais, não tinha câmera para todo mundo e o número de gravações na rádio eram insuficientes.

    Apesar de todas as falhas, tive bons professores, entrei numa pesquisa interessante e aprendi a ver as coisas com um olhar mais crítico. Só que, não importa se você estuda na melhor ou pior universidade/faculdade do país, o conhecimento vem com a prática. Claro que tive matérias sobre redação jornalística, mas muito do que eu sei sobre escrever notas, matérias e etc, foi depois de um estágio que fiz numa assessoria.

    Até hoje tenho várias dúvidas se escolhi a profissão certa, mas não culpo 100% a universidade. É mais uma questão de baixos salários, condições ruins de trabalho (tenho amigos que já estão trabalhando, fazem plantão e não ganham nada por isso) e pouca oferta.

    Enfim… se você realmente gosta do curso, tenta estudar àreas que te interessam, faz umas pesquisas por conta própria mesmo ou procura algum professor para criar um projeto de pesquisa, sei lá. Acredito que certos detalhes da graduação somos nós quem criamos e melhoramos.

    Beijos

  8. Somos coleguinhas de curso, pelo que compreende Comunicação Social ;D Apenas pelo detalhe que faço Publicidade e Propaganda – nós deveríamos nos odiar, não? haha.

    Passei pelo mesmo drama que você está passando e sei REALMENTE como é angustiante. Será que esses anos todos valeram a pena?

    A minha faculdade nem é federal – pq aqui em SC não temos o luxo de ter PP na UFSC. Estudo na Estácio e por muito tempo isso me incomodou bastante, pensava em pedir transferência, mas aprendi que nem sempre o nome faz a faculdade. Meu curso pode nem ser 100% – duvido que alguma faculdade no Brasil consiga isso – mas acabei me apaixonando e cai de cabeça na ideia, mesmo porque meus professores fazem parte do mercado e dão altas dicas durante as aulas, sem contar que é tudo bem dinâmico.

    Jornalismo e Publicidade são cursos que se você quer se dar bem, precisa mesmo ir NA TORA, como você mesmo disse. Tem que ir atrás, pesquisar, fazer estágio. Isso vai garantir a nossa experiência e reconhecimento no mercado.

    Ah =S e sobre vc não se enquadrar na visão de jornalismo que a faculdade têm, simplesmente relaxa. Eu tb não queria trabalhar em agência e ficava desesperada, mas percebi que existem inúmeras funções que podemos exercer.

    Você com o seu blog, por exemplo, já está praticando a sua profissão e isso pode abrir inúmeros caminhos. O problema das faculdades é que elas não seguem o mercado e muito menos as novas gerações que entram todos os anos. =/

    Como o Obamo falou “o mundo está mudando e temos que mudar também”. Nós fazemos parte dessa geração. Jornalismo daqui pra frente vai mudar muito 😉 E tenho certeza que vc e seus colegas serão responsáveis por isso. Então, façam o melhor que puderem e um pouco mais, certo?

    bjos!

  9. Olha, Amanda, é muito brochante essa situação que você se encontra, passei por algo bem parecido no técnico. Entrei lá amando cinema e sai longe de prestar audiovisual, porque né, impossível querer entrar numa área tão desorganizada. Desorganização é uma porcaria. Eu vou fazer jornalismo e morro de medo do curso da Usp ser abandonado também porque o caminho pra entrar lá está sendo duro.

    beijos e boa sorte, amiga!

  10. Me orgulho de ser bolsista, ainda que de uma das faculdades “sem nome”, rs. Apesar de que sempre que digo “se aqui tá essa porcaria, vou é pedir transferência”, uns e outros me viram como se eu fosse uma louca dizendo: Mas você surtou? Fulano de tal se formou aqui!
    Grande coisa.
    Se ele achou tudo lindo e deu sorte na vida, bom pra ele. Minha faculdade tá numa desorganização tão grande em meio as grandes mudanças que estão fazendo que nem wireless tem lá ainda. Desde fevereiro. Usamos o portal no site pra entregar trabalhos e ainda tem professores que não conseguem ter acesso. Fora que nesse portal tô como PP e sou de Jornalismo. Faz umas duas semanas que prometeram arrumar isso, pra mim e pra um monte de gente.
    E eu sinto tudo isso estando no primeiro semestre, quaase um bebê. Sequer conheço minha grade curricular completa, sabe-se lá porque. Nem quero imaginar como vou me sentir nos próximos.
    Minha esperança é encontrar um estágio o mais rápido possível e aprender tudo na prática mesmo. Ler coisas por conta própria… E assim vai.
    É de se lamentar que as universidades, públicas e particulares estejam assim, de verdade. Me parte o coração essa falta de atenção das universidades. No fundo, a única coisa que vai realmente fazer diferença é o nosso esforço…

    (Eu ADOREI teu post e mandei uns amigos lerem, pra exemplificar meus sentimentos, haha. Você, eu, e várias pessoas por aí estamos no mesmo patamar, hein…)

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