É comigo?

Hoje vivi um momento tão fofo-risível que assim que ele aconteceu eu sabia que teria de vir aqui, dividir com vocês. Eu estava sentada na mesa da cozinha, tomando café. Na verdade, não tomando café, por que não curto tomar café no café da manhã – vejam que coisa! Estava com uma velha e boa tigela de sucrilhos com leite e dando continuidade à leitura de Um Dia, quando minha mãe adentra o recinto, começando a dobrar as roupas que estavam em cima da mesa.

– Essas tuas calcinhas que não pode passar, vou colocar na tua cama, tá? – falou minha mãe, levantando umas calcinhas com apliques de renda.

– Tá. Na verdade, não precisa botar nenhuma dessas pra passar não, nem precisa – comentei, enquanto terminava a tigela de sucrilhos.

– Ok, então – e recomeçou a dobrar as roupas, tentando deixar a casa em perfeito estado para viajar para Maragogi essa semana. Toda a minha família vai, menos eu que, agora, faço parte da classe trabalhadora que não conhece férias, i.e, estagiária. But I was ok with that.

– Minha gengiva está voltando a doer – falei, apontando para o lugar onde, através a bochecha, deve se localizar a gengiva dolorenta – Aquela, do dente siso. Espero que não volte a doer nesse fim de semana.

– Eita. Tu usa fio dental? – perguntou minha mãe, em tom inquisidor – Tem que passar. Tem que escovar os dentes direito também!

– Mas essa gengiva não tem como limpar não, mãe. Ela é mole, fica em cima do dente. Toda vez que eu vou limpar, ela sangra – falei.

E se seguiu esse diálogo matinal, com a minha pessoa pegando os remédios que tinham restado da última crise de gengiva inflamada e minha mãe falando sobre a inabilidade do meu plano de saúde em ajudar os seus segurados. Daí meu pai chega na cozinha, me chamando para ir embora e eu me levanto, colocando a tigela na pia e marcando a página do livro. A gente está a caminho da porta – discutindo a minha gengiva – quando minha mãe fala: “Cuidado por aí, viu? Qualquer coisa, ligue pra gente”.

O meu instinto natural foi dizer ’tá bem’, mas aí depois eu observei minha boca abrindo e perguntando – como se tivesse vida própria – idiotamente: “A senhora falou isso comigo ou com painho?”. Claro que no exato momento eu estava me dando um pedala imaginário POR QUE CLARO QUE FOI COMIGO. PRA QUÊ ELA IA DIZER ‘LIGUE PRA GENTE’ se fosse com meu pai? Burra! Meu pai fez coro a meu superego e falou: “Claro que foi com você, né?!”. Minha mãe disse, de um jeito que dizia ‘what the hell are you thinking’, que foi comigo, CLARO. Então eu só fiz falar ’tá bom’ de novo e rir da minha tabaquice e falta de jeito.

E de repente me deu uma vontade de me despedir. Decentemente. Então corri de volta pra porta da cozinha, onde minha mãe estava, e dei um abraço apertado, desejando boa viagem. “Boa viagem, mamis”. Ela riu e agradeceu, me pedindo para que eu, pelo amor de Deus, não tocasse fogo na cozinha enquanto ela estivesse fora. Sorri e fui embora, sentindo um sentimentozinho bom crescendo dentro de mim.

Não sei o que é. Mas certamente nasceu com aquele ‘cuidado por aí’. (:

Tive que colocar fotos de Gilmore Girls, por que elas são o par mãe-filha mais lindo de todo o universo.

15 thoughts on “É comigo?

  1. AWN!
    Acho que já to tão desacostumada com essas coisas que vou estranhar quando a minha mãe falar “me manda mensage assim que encontrar com o pessoal” ou “me ligar quando for ter que te bucar”, que são coisas que eu ouvia quase todo dia até mais ou menos Junho do ano passado. Aqui eu sempre saio com alguém e o máximo que eu ouço é “vai pela sombra” o que é uma ironia já que aqui em Dublin nunca faz sol.

    Enfim, essas pequenas coisa sempre dão um brilho a mais no nosso dia. 😀
    Beijos Mandinha!

  2. Fiquei feliz ao ler esse post, pois tenho acompanhado via twitter e via posts aqui mesmo a sua lida com sua mãe. Agora é só as duas colaborarem pra que esse sentimentozinho não morra por aí…

  3. Amandita, que bonitinho 🙂

    Que cenas fofas como essa possam se repetir várias e várias vezes em seus dias ?.

    (Fiquei feliz aqui, de verdade)

    Beijo e não coloque fogo na cozinha, hahaha ;}

  4. Que coisa mais linda, Mandy! Você precisa compartilhar esses pequenos momentos mais vezes!
    Eu sei bem o que é esse sentimentozinho que cresceu, eu já o senti uma vez, e saiba que depois que começa não para mais de crescer. Pode parecer estranho mais nada mais é do que a gente perceber o cuidado terno que a família tem com a gente, mais perceber de verdade, sentir de uma forma que nunca sentiu antes. Pois é, às vezes a gente leva muito tempo na vida pra chegar a esse momento.
    Eu adoro Gilmore Girls, não teria imagem melhor para ilustrar esse post, essa série é a minha preferida de todos os tempo, exatamente por me lembrar muito de mim, e também do meu relacionamento com a minha mãe. (:

    Bisous.

  5. Ah, que graça você e sua mãe, haha *-*
    Eu e minha mãe discutimos por qualquer coisinha, é só uma chegar perto da outra para conversar. Mas sempre acabamos tendo esses momentos fofos…
    Também adoro Gilmore Girls :3
    Beijos!

  6. Emocionei com esse post. :~
    Desde que acabei o namoro tou morando com a minha mãe e é engraçado porque depois de dois anos parece que nada mudou e ela continua uma fofa e ainda reclama quando eu falo palavrão e quando eu durmo sem escovar os dentes. hahahaha Acho que esse carinho todo é a parte boa de ter família, né? 🙂

  7. A Rory e a Lor são as melhores do mundo mesmo! Mas adorei a história com a sua mãe, viu, é assim que começa, dos dois lados. Fiquei muito feliz por vocês duas porque, afinal, mãe é mãe!
    Beijos

  8. Oi Amanda, sou leitora do seu blog já faz um certo tempo, mas eu nunca comentei aqui. Ou se já comentei foi uma ou duas vezes no máximo. Ele está entre meus favoritos e sempre que lia algo em relação a você e sua família (especialmente sua mãe) dava um aperto no coração, uma vontade de te abraçar e dizer ”menina, vai passar.” E olha que surpresa boa, cheguei à pouco tempo do trabalho e quando entro no Maças verdes leio isso. Fiquei muito feliz com esse sentimento que brotou. Espero que venha crescer mais e mais, e o mais bonito foi que esse sentimento surgiu num dia que aparentemente era qualquer, numa manhã, em uma cena simples do dia-a-dia. É muito bonito de se ler.

    Ah, a imagem caiu perfeitamente bem ao post.

    Um abraço,
    Erika Beatriz.

  9. Awn, que coisa mais fofoa, Amanda!
    Minha mãe faz o tipo preocupadíssima, sempre manda mensagem, ou liga um bilhão de vezes quando eu tô fora de casa. Sinto muuuito orgulho dela, ainda que discutamos sobre coisas bobas, a amo demais.
    Minha gente, preciso desesperadamente ver Gilmore Girls, assisti o primeiro episódio e me apaixonei, preciso de mais e mais! :*

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